Entenda como o lixo jogado no mar pode viajar pelo mundo

Brenda Mendonça

Brenda Mendonça

Colaboração para o Geografia Visual

7 de maio de 2018

As correntes marinhas superficiais são as responsáveis por levar o lixo de um lugar para outro nos oceanos. Mas, como elas funcionam?

Os oceanos estão em constante movimento graças às correntes superficiais e profundas, que redistribuem calor pelo planeta.

Esses grandes fluxos de água são formados a partir de variações de temperatura, salinidade e pressão. Consequentemente, formam-se diferentes massas d’água, cada qual identificada a partir da sua “assinatura” específica.

O transporte das águas ocorre pela ação dos ventos (influenciando até nos primeiros ~200m de profundidade), pelo movimento de rotação da Terra (ou Coriolis), pela presença das barreiras continentais e, novamente, por diferenças de pressão.

Nesse texto, vamos focar nas correntes superficiais, aquelas sob influência principal dos ventos, ilustradas abaixo.

Correntes oceânicas quentes (em vermelho) e frias (em azul), formando os grandes giros oceânicos. Fonte: https://www.coladaweb.com/geografia/correntes-maritimas Acesso em 05/05/18

Quentes ou frias, as correntes superficiais podem circular no sentido horário (hemisfério norte) ou anti-horário (hemisfério sul).

Assim, forma-se um padrão de movimento, geralmente entre 4 correntes, capaz de gerar os cinco grandes Giros Oceânicos, como mostra a animação abaixo.

O Giro Subtropical do Atlântico Sul, por exemplo, é formado a partir da corrente do Brasil (que flui na nossa costa em direção à Antártica), da corrente do Atlântico Sul (flui em direção à África), da corrente de Benguela (flui pela costa Africana em direção ao Equador) e da corrente Sul Equatorial (em direção ao Brasil), fechando o giro.

É importante lembrar que a circulação das correntes superficiais é um fenômeno natural. No entanto, todo material desviado para o centro dos giros acaba retido nesse movimento de grande escala, e é aí que mora o problema.

Já ouviu falar na Ilha de Lixo do Pacífico? Ela nada mais é do que um acúmulo de lixo no centro do maior giro oceânico do planeta.

Nova pesquisa da Nature, do mês passado (março), mostra evidências de que a Ilha de Lixo do Pacífico ja é duas vezes maior que o território do Texas, uma área de aproximadamente 1,6 milhões de km². A Ilha de Lixo já comporta pelo menos 79 milhares de toneladas de plástico. O microplástico compõe apenas 8% dessa massa, mas é 94% dos estimados 1,8 trilhões de pedaços flutuando na área.

O vídeo a seguir mostra a localização de boias de pesquisa ao longo de décadas. Observe o padrão do movimento:

Algumas bifurcações dessas correntes tornam possível o transporte das águas entre oceanos. Por isso, seu lixo pode acabar parando em outro continente! Já pensou no impacto que o seu lixo pode gerar nos ambientes marinhos?

Brenda Mendonça

Brenda Mendonça

Colaboração para o Geografia Visual

Oceanógrafa, formada pela Universidade Federal do Paraná em 2016, com foco em oceanografia física e sensoriamento remoto. Participou do programa Ciência sem Fronteiras nos Estados Unidos durante o período de 2014 a 2015, no qual teve a oportunidade de estudar no instituto de oceanografia de Scripps, em San Diego, na universidade da Califórnia (UCSD). Criou o canal Descontrartigo em parceria com as oceanógrafas Ana de Martini e Beatriz Neves. O principal objetivo do canal Descontrartigo é facilitar o aprendizado, aproximar ciência e sociedade e desmitificar a oceanografia para todos, além de disponibilizar informação em língua portuguesa e de fácil compreensão.

Você também pode gostar

Vídeos

Vídeo mostra poeira do Saara fertilizando Floresta Amazônica

por Fernando Soares de Jesus

Material carrega 22 mil toneladas de fósforo, nutriente essencial para a manutenção da floresta.

Vídeos

A Bacia Amazônica e o transporte fluvial

por Curadoria de conteúdos

Material com vídeo e resumo exclusivo, com links selecionados para você se aprofundar nos temas abordados.

Vídeos

E se o dinheiro deixasse de existir?

por Adriano Liziero

Vídeo e artigo abordam a relação entre dinheiro, felicidade e sociedade.