Cemitério de navios
Você sabe para onde vai um navio que está velho demais para navegar, após 25 a 30 anos de vida útil? Infelizmente, para estaleiros localizados em países pobres.
Para desmanchar um navio mercante, o custo é igual ou até mais alto do que construir um navio novo. Isso porque os materiais devem ser separados e descartados de forma adequada, seguindo as melhores práticas ambientais e de segurança do trabalho.
No entanto, para reduzir custos, a maioria da frota de navios destinada à reciclagem é desmanchada em praias de países empobrecidos, onde as leis trabalhistas, normas de segurança e leis ambientais são frágeis.
Países como Índia, Bangladesh e Haiti desmancham navios sem qualquer preocupação com a segurança das pessoas e com a proteção do meio ambiente. O trabalho de desmanche de navios é considerado um dos mais perigosos do mundo, com trabalhadores ganhando apenas 2,25 libras por dia.
Na Índia, país onde 10 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, trabalhar em cemitérios de navios é uma forma de sobrevivência. Neste país, fica Alang, o maior cemitério de navios do mundo, onde petroleiros, navios de contêiner e até navios de cruzeiro aguardam para serem reduzidos a sucata.
Poucos cemitérios de navios estão situados em países ricos, como esse da imagem, localizado em plena Nova Iorque, nos EUA. Fundado em 1930, esse estaleiro, localizado em Taden Island, serve como local de despejo para rebocadores, balsas e outras embarcações, inclusive antigas, do início do século passado.
Recentemente, governos de mais de 100 países, incluindo o Brasil, têm buscado regulamentar o desmonte e a reciclagem de navios e plataformas de petróleo no mundo, garantindo que o processo seja ambientalmente sustentável e socialmente responsável.
Hoje, pelos mares do mundo, navegam 100 mil navios, sendo que, a cada ano, 600 a 700 navios são destinados para desmanche. É urgente que haja uma mobilização internacional para que os custos da reciclagem sustentável, proteção aos trabalhadores e tratamento ecológico dos navios sejam assumidos pelos armadores.
Foto: Nearmap