Entenda os protestos dos coletes amarelos na França

Adriano Liziero

Adriano Liziero

Editor | Geógrafo

6 de dezembro de 2018

Por que as ruas de Paris foram tomadas por pessoas furiosas usando coletes amarelos? Tudo começou quando o governo aumentou os impostos dos combustíveis fósseis com a ideia de promover energias renováveis menos poluentes.

Na França, o combustível mais usado pelos carros é o diesel, que, pressionado pela alta internacional do valor do barril, aumentou 23% nos últimos 12 meses. O litro do diesel custa €1.51 (R$ 6,46), o valor mais alto desde o começo de 2000.  Para comparação, no Brasil, o preço médio do litro do diesel está em R$ 3,68 – após grandes manifestações dos caminhoneiros.

Os franceses, que já não estavam felizes com o alto preço do diesel, receberam muito mal o aumento dos impostos sobre os combustíveis. Com a ajuda das redes sociais, as pessoas combinaram de ir às ruas usando o colete amarelo que é item de segurança obrigatório nos carros franceses. Por isso, os manifestantes, que somaram 280 mil pessoas em Paris, ficaram conhecidos como coletes amarelos.

Diferente de outras grandes manifestações na França, como a de maio de 1968 e da grande onda de greves em 1995, o movimento dos coletes amarelos não tem líderes. Os protestos juntaram direita e esquerda e foram ganhando corpo. De repente, o que era uma revolta específica contra o aumento dos combustíveis virou um protesto contra o governo de Emmanuel Macron, de 39 anos, o mais jovem presidente eleito da França e o primeiro que não é dos partidos principais: o Socialista e o Republicano.

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Além do fim da alta de impostos sobre os combustíveis, os coletes amarelos exigem a renúncia de Macron, o aumento do salário mínimo, a proibição da transferência de fábricas para países com mão de obra mais barata, o fim das políticas de austeridade, entre outras pautas. Há, inclusive, muitas posições contraditórias entre os manifestantes, como a dos migrantes: uns defendem auxílio aos estrangeiros enquanto outros querem a expulsão sumária dos migrantes que não conseguirem asilo.

Após quase um mês de manifestações, choques com a polícia e tentativas frustradas de conversa com o governo, o movimento conseguiu uma vitória:  a suspensão, por seis meses, dos aumentos de impostos e taxas sobre combustíveis, que deveriam vigorar a partir de 1 de janeiro de 2019. Mas os coletes amarelos  se disseram insatisfeitos com a promessa, sinalizando que os protestos devem continuar. Na última manifestação, quase 700 pessoas foram presas e 10 mil artefatos, entre bombas e gás lacrimogênio, foram lançados pela polícia.

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Adriano Liziero

Adriano Liziero

Editor | Geógrafo

Estudei Geografia influenciado pela experiência de viver em Angola, país que despertou em mim a vontade de compreender o mundo. Trabalho como autor e editor no mercado editorial de didáticos e sou documentarista de meio ambiente.

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