O que aconteceria se o Censo não fosse realizado?

Adriano Liziero

Adriano Liziero

Editor | Geógrafo

27 de abril de 2019

A imagem de autoria do Daily Overview mostra a maior favela brasileira, a Rocinha, no Rio de Janeiro.

As favelas brasileiras ocupam uma área equivalente a 169 mil campos de futebol, onde há 3.224.529 residências. Pouco mais da metade dos domicílios em favelas (52,5%) está em áreas predominantemente planas. Os outros 47,5% estão em áreas predominantemente de aclive moderado ou acentuado.

Saber a área que as favelas ocupam, a quantidade de casas que ali existem e até mesmo as característica do relevo é fundamental para planejar a chegada de políticas públicas de acessibilidade, arruamento etc.

Essas e outras informações só são possíveis graças ao Censo Demográfico, realizado desde 1940 pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -, órgão público cuja missão é retratar o Brasil.

Desde 1950 o Brasil realiza um Censo por década. O mais recente foi em 2010 e o próximo deverá ser executado em 2020, embora esteja em risco devido ao corte de verbas imposto pelo governo.

E se o Censo não existisse?

Não saber qual é a população brasileira seria o menor dos problemas. Isso porque o Censo é a mais completa pesquisa sobre as condições de vida da população, sendo a principal (e muitas vezes única) fonte de dados para o planejamento do governo.

Sem o Censo, não saberíamos, por exemplo, quantas vacinas são necessárias para atender a população de cada cidade ou, ainda, quantas escolas precisam ser construídas em cada bairro.

Não é exagerado dizer que sem o Censo a vida das pessoas seria muito pior do que já é, especialmente para os mais pobres, que são os que mais dependem das políticas públicas. Praticamente todas as políticas de habitação, transporte, infraestrutura precisam dos dados do Censo.

Nossos Censos Demográficos são insubstituíveis para retratar o Brasil, dado que são a única pesquisa em território nacional em que são visitadas praticamente todas as famílias brasileiras, o que representa um esforço para fazer 150 perguntas em mais de 60 milhões de residências, espalhadas por 5.570 municípios em um país com dimensões continentais – 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

Sem o Censo, não teríamos informações tão precisas sobre o território brasileiro, o que tornaria o Brasil um país ainda mais desigual e com pior qualidade de vida.

Adriano Liziero

Adriano Liziero

Editor | Geógrafo

Estudei Geografia influenciado pela experiência de viver em Angola, país que despertou em mim a vontade de compreender o mundo. Trabalho como autor e editor no mercado editorial de didáticos e sou documentarista de meio ambiente.

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