Everest, o topo do mundo, está superlotado
“A maioria dos que pisam no Everest jamais deveriam fazê-lo”, diz Peter Habeler, o primeiro a chegar no topo do mundo sem a ajuda de tanques de oxigênio, em 1978, junto com Reinhold Messner.
Atualmente, cerca de mil pessoas a cada ano congestionam o Everest, a maioria sem qualquer conhecimento em escalada. A ascensão ao pico mais alto do mundo, com 8.848 metros de altitude, se transformou em um negócio caro, que faz turistas virarem supostos alpinistas.
Na semana em que escrevo este post, o alpinista Nirmal Purja publicou uma foto impressionante, que mostra uma grande fila no Everest, rumo ao cume.
Apesar de ter viralizado, esse não é o primeiro registro da superlotação no topo do mundo. Em 2012, o alpinista Ralf Dujmovits capturou outra fila subindo o Everest.
O número recorde de alpinistas escalando o Everest, junto com as poucas janelas meteorológicas em que é viável atacar o cume, colaboram para a existência dessas imagens surreais da – provável – fila mais alta do mundo.
A superlotação do Everest tem gerado mortes. Há relatos de pessoas que, após chegarem ao cume, ficam bloqueadas por mais de 12 horas no engarrafamento para descer, na chamada zona da morte, onde o oxigênio é mais escasso e há riscos de congelamento por conta do frio de 70ºC negativos.
O Nepal, país asiático de onde partem 64% dos alpinistas que sobem o Everest, tenta fazer com que a montanha perca a fama de lixeira mais alta do mundo. Uma equipe de vigilância tenta evitar que escaladores deixem resíduos na montanha, como cilindros de oxigênio vazios e cordas.
Embora Habeler e Messner tenham sonhado com um Everest limpo e ético, o turismo tem sido um desafio para a preservação da maior montanha de todas.
Desde 1953, quando Edmund Hillary e Tenzig Norgay foram os primeiros a chegar ao topo do mundo (mas com a ajuda de cilindros de oxigênio), mas de 5 mil pessoas já completaram a ascensão do Everest. Outros 223 alpinistas não tiveram o mesmo sucesso e morreram no trajeto, a maioria ainda na subida.